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A embalagem é uma forma de conter, conservar e proteger alimentos e bebidas, visando maior qualidade e segurança contra perdas e contaminações, além de facilitar o transporte e manuseio. Por meio da rotulagem, as embalagens também desempenham um papel importante como interface de comunicação entre marcas, seus produtos e consumidores, trazendo desde informações obrigatórias por legislação como aquelas nutricionais, até as informações de promoção comercial e diferenciais mercadológicos. 

No entanto as embalagens também apresentam riscos para o meio ambiente, devido principalmente aos materiais que são utilizados em seu projeto estrutural e ao sistema de produção e consumo onde estão inseridas, tipicamente baseado em modelo linear que favorece o descarte de produtos e respectivas embalagens, e consequentemente aumentando a  geração de resíduos nas cidades. 

Já a economia circular pode ser entendida como um modelo alternativo a este modelo linear convencional, por considerar os resíduos como recursos e o sistema de produção e consumo sob uma perspectiva regenerativa. No Brasil a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), através da Lei nº 12.305/10 estabelece objetivos e metas para a gestão de resíduos, incentivando estratégias circulares voltadas para prevenção, redução, reutilização e reciclagem. 

No contexto dos produtos da bioeconomia, a embalagem desempenha um papel fundamental nas ações voltadas para a conscientização, promoção, valorização e comercialização. A embalagem pode ajudar na comunicação da cultura e identidade local, das características da agrosociobiodiversidade e bioeconomia, dos processos e arranjos produtivos locais, entre outros.

A inclusão de critérios de sustentabilidade no projeto de embalagem de alimentos e bebidas deve considerar a prevenção de impacto ambiental e o atendimento de critérios socioeconômicos. Dentre as diretrizes para o design de embalagens para sustentabilidade destacamos a: 

  • Otimização do sistema produto+embalagem, por meio de opções para o uso compartilhado, retornáveis, reutilizáveis, multifuncionais;
  • Imersão nas necessidades do consumidor, se dispondo a ouvir tanto elogios quanto críticas de quem consome o produto para proporcionar soluções que possam passar mais confiança e desejo do consumidor, bem como alcançar novos públicos que não foram contemplados anteriormente;
  • Otimização dos recursos da embalagem, priorizando matérias-primas renováveis e recicladas, seleção de fornecedores responsáveis e certificados, reduzir ou eliminar tanto os materiais desnecessários quanto o formato da embalagem bem como priorizar embalagens de encaixe, que otimizam o estoque e não precisam de colas ou outros adicionais (ex:laminações, plastificações, adesivo);
  • Integração dos atores no projeto da embalagem, por meio da troca de conhecimento e a participação de produtores, fornecedores e consumidores no processo de design, ampliação da capacidade de acesso a soluções de embalagem compartilháveis;
  • Valorização da economia e cultura local no projeto da embalagem, por meio da inclusão das características dos territórios, identidades e diversidades na linguagem e nos elementos gráficos das peças, favorecimento dos materiais, capacidades, empresas e iniciativas locais, comunicação voltada  para a educação do consumidor e apoio na tomada de decisões para sustentabilidade;

No Programa Vocações Regionais Sustentáveis do Paraná (VRS), as pesquisas realizadas reforçaram a importância da embalagem como ferramenta para as comunidades que trabalham nas cadeias de valor e na abertura de novos mercados para os produtos à elas pertencentes. Diante disso, o programa tem uma parceria técnica em conjunto com a FAUEL (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da UEL) com intuito de realizar estudos técnicos de embalagens, incluindo a prototipação e aplicações, visando a transferência de conhecimento para os produtores. Por fim, o VRS procura também auxiliar os produtores com ferramentas (como este artigo, guias informativos, oficinas etc) além de esclarecer dúvidas com profissionais da área de Comunicação e Design.

Autoras: Marcella Lomba N. e Cecília Klein Dobner

 

Referências:

ANVISA. Embalagens, 2020.

FERREIRA, D.; SILVA, P.; MADEIRA, T. F. Embalagens verdes: conceitos, materiais e aplicações. Revista Americana de Empreendedorismo e Inovação, v.1, n. 2, 2019.

SASTRE, R.; ZENI, C. O design de embalagem sustentável em três níveis de solução, Embalagem Marca, 2023.

ZAVADIL, P.; SILVA, R.P. Identificação e Sistematização de Diretrizes para o Design de Embalagens Sustentáveis, Design e Tecnologia, v.5, 2013.

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